sábado, 29 de setembro de 2018

Nazismo e HItler - I - Origens

O título desta matéria, já aviso, não faz jus e nem tudo introduz em relação ao conteúdo que será aqui apresentado.

Contexto

O Contexto é o Império Austro-Húngaro. Muitos conhecem o Império Assírio, o Egípcio, o Romano, mas certamente já se esqueceram do Império Austro-húngaro. Para maior compreensão, nos dias de hoje, é melhor mostrar um mapa:


Se quiser entender a Europa de hoje, sem ter que consultar toda a linha histórica desde a Idade Média, com as devidas restrições, pode-se apoiar na História desde o Império Austro-Húngaro. A partir do seu estudo, será possível entender:


  • Nacionalismo Europeu;
  • Xenofobia e Racismo;
  • Primeira Guerra Mundial;
  • Hitler;
  • Segunda Guerra Mundial;


Colocando de forma bem simples, este Império de que falamos foi estabelecido em 1867. Para termos uma referência de tempo, Belo Horizonte foi fundada em 1896. Vivíamos em uma República nascente, e a Europa estava mergulhada na Monarquia, Mas não nos jactemos, porque após a Segunda-Guerra a Europa cresceu em ritmo acelerado, consolidando suas fronteiras políticas, aperfeiçoando suas instituições e industrializando-se com eficiência.

Povo estranho esse povo europeu. Tiveram que experimentar o pior dos piores.

Os Habsburgos

Na história sempre acharemos famílias politicamente influentes, estejam ou não seus membros sentados em tronos. A história do Império Austro-Húngaro, bem como da Espanha e dos Países Baixos, encontra sua origem nesta família.

Sem tecer muitos detalhes, o Império de "dupla sede" assim foi definido para preservar a boa convivência dos membros da família. Os acordos que hoje se faz entre partidos políticos se assemelham aos acordos que se fazia dentro de uma mesma dinastia, para divisão de poder, mantendo todos os membros satisfeitos o tanto possível.

Como "duplo Império" tinha duas capitais: Viena e Budapeste. O Imperador era um só: Francisco José I. Era uma monarquia parlamentarista. O primeiro ministro era Gyulia Andrassy.

Fenômenos Internos

Vamos nos ater apenas aos fatores que determinaram o ambiente que proporcionou a Primeira e Segunda Guerras, centrando em Hitler como o pivot da Segunda Guerra e do Nazismo, nossos objetivos.

 A capital, por excelência, do Império Austro-Húngaro era Viena. Cidade cosmopolita, com suas edificações impressionantes, com suas Casas de Ópera e com sua intensa atividade cultural. Nesta abordagem, ocorre em nós um estranhamento. A língua falada neste império podia ser o alemão ou o húngaro. Não causa estranhamento isto em nós ? Onde ficava o Império Alemão neste contexto ?

Império Alemão

A unificação de estados, ducados e principados alemães no que se chamou Império Alemão foi obra de Otto von Bismarck, em 1871, portanto 4 anos depois da fundação do Império Austro-Húngaro. A história de ambos os impérios mencionados vai se fundir, mediante a intervenção de Hitler.

Os dois impérios são como "retalhos de tecido", Hitler é a agulha, e a linha foi a ideologia Nazista. Vejamos como tudo se deu, acompanhando "o Agulha".

Hitler

Até os anos 1980, a história tinha ênfase nos grandes personagens e suas realizações. Então, sob influência ideológica para fragmentar e confundir fatos de épocas bem identificadas, a história passou a abordar, primordialmente, os eventos históricos, como se fossem autônomos, sob influência do materialismo dialético e materialismo histórico.

Temos que abrir os olhos do estudante e do estudioso para algo muito importante. Contextos sócio-econômicos podem se manter durante anos e até séculos. Sem UMA PESSOA VISIONÁRIA E DECIDIDA, eles continuarão em uma inércia histórica indefinidamente. A abordagem histórica por personagens é a correta. Sem James Watt e sua determinação em produzir a máquina a vapor para gerar movimento, não estaríamos aqui, redigindo ou lendo este texto em um computador. A roda d'água reinou soberana por anos, sem que ninguém se dignasse, durante estes anos, a produzir algo mais eficiente. Para eles ESTAVA TUDO MUITO BOM. Este é o espelho da inércia humana. Se estiver bom, assim permanece.

A Alemanha suportou durante anos, apesar de proprietária de uma das culturas mais ricas da Europa, a hegemonia do Império Austro-húngaro, que a relegava a papel secundário. E isto começou ater fim com a chegada deste misto de artista medíocre, visionário, "bon vivant" e orador incendiário.

Formação do caráter e personalidade

Um caráter se forma ou se deforma conforme as interpretações que o próprio indivíduo dá às suas experiências, aos fatos que presencia no ambiente familiar quando novo (principalmente, no intervalo de idade que vai até os 20 anos, em média). E as experiências vividas durante a adolescência são de vital importância. O lugar onde nasce, os lugares por onde passa, a relação com a mãe, com o pai, com irmãos e colegas complementa este quadro, em segundo nível. As ideologias e doutrinas pelas quais se interessa complementam o quadro em terceiro nível.

As experiências podem provocar frustrações ou aprendizagens positivas e negativas, conforme a natureza sensorial do indivíduo, moldando suas interpretações. Toda experiência deve, em um indivíduo sadio, gerar "uma CÓPIA" das regras de que o mundo se utiliza para promover a ordem social em um período da história, em um contexto geográfico.

As experiências de Hitler produziram, conforme vamos comprovar neste trabalho, interpretações errôneas dentro do seu ser, que o levaram a destruir a Alemanha na Segunda Guerra Mundial.

Hitler se enfurecia vigorosamente quando, em conversas com seus próximos, indagava-se qualquer coisa sobre o seu passado (1). Este é um aspecto muito importante, pois as pessoas tem o passado como base de construção de suas vidas, referência para comparação com fatos das vidas das pessoas próximas, como amigos e colegas. No relacionamento com os seus pares e com os subordinados, ele guardava uma distância e preservava sua privacidade. Ele passou vários anos em uma casa para homens (algo parecido com uma pensão masculina), e as pessoas que ali estiveram nos mesmos anos que ele dificilmente se lembravam dele ou de seus hábitos. Ele se movia entre eles como um estranho, fazendo o máximo para passar despercebido.

E agora uma característica controversa em alguém que se tornou politicamente conhecido ao extremo. No início de sua carreira política, ele fazia questão de que nenhuma figura ou foto dele fosse publicada. Fazia isto para manter uma atmosfera de mistério em torno de sua figura. Desta forma, o interesse em sua figura cresceria grandemente. Hoje, políticos iniciantes, sem nenhuma substância interna, fazem questão de terem seus retratos amplamente divulgados, na busca pelo "voto de aparência".

Algo mais grave ele fez, ainda em torno de seu passado. Ele falsificou a ocupação profissional de seu pai, de "oficial de costumes" para oficial postal. Ele também repelia a aproximação de qualquer de seus parentes. E foi ao extremo para eliminar testemunhas de seu passado. Proibiu  Jorg Lanz von Liebenfels, a quem devia alguns princípios de filosofia racista, de publicar seus escritos. Com este ato pretendia impedir que o "conhecido" revelasse que tinha Hitler entre seus discípulos.Mandou matar o amigo dos tempos da "casa para homens", Reinhold Hanisch .  Hitler não queria ser tomado como discípulo de ninguém, para fazer parecer que tinha desenvolvido suas próprias ideias, como fazem os medíocres, e nem deixar testemunhas de seu passado íntimo.

As pessoas com uma personalidade bem resolvida justamente torcem para que o máximo de testemunhas de seus tempos de jovem sobrevivam, como se fossem um arquivo vivo de provas de suas memórias. Isto se comprova na satisfação dos bem resolvidos de encontrar amigos e colegas dos tempos de jovem, com os quais contam histórias divertidas de seu passado.

Origem do Nome

Investigando a origem de seu nome, estamos investigando igualmente a origem da sua família. Os nomes primitivos de que derivou o nome Hitler são tchecos:

Hidlar or Hidlarček

Apenas por este fato pode-se imaginar o porquê de Hitler resguardar as fontes de suas origens. Ter raízes tchecas poderia fazê-lo alvo de menosprezo em relação a uma origem Austríaca ou Alemã.

E como explicar um nome tcheco em um garoto austríaco ?

Hitler nasceu em uma área rural, Waldviertel, a noroeste de Viena, mais ou menos próximo da fronteira com a antiga Tchecoslovaquia. Hoje diríamos apenas República Tcheca. Sua família tinha sangue Morávio nas veias. A Morávia ficava ao sudeste da República Tcheca, com o status de um protetorado da Morávia e Boêmia, no tempo da segunda guerra mundial. A região ainda é conhecida por este nome. Portanto, a origem da família é, indubitavelmente, tcheca.

Ainda sobre o nome, foi seu pai, Alois Schicklgruber que deu aos filhos este sobrenome em homenagem ao avô, que pode ser Johanm Nepomuk Hiedler ou Johann Georg Hiedler (2). Ainda existe uma terceira hipótese, mas que seu pai esconderia a qualquer custo, fora do assunto nome, para candidato a avô de Hitler: um judeu de nome Frankenberger ou Frankenreither. Conforme pesquisas de  Ian Kershaw (Historiador Inglês especializado em Alemanha Nazi), não havia família judia com Frankenberger como sobrenome em Graz, cidade pretendida para a origem do avô paterno de Hitler.

Em 1939, o ministro do Reich, Hans Frank, foi incumbido de levantar as origens de Hitler. Resumindo o que ele encontrou temos uma senhora de nome Maria Anna Schiklgruber trabalhando na casa de uma família judia de sobrenome Frankenberger. Esta fica grávida, e o pai de um rapaz de 19 anos, seu filho mais velho, começa a dar pensão para esta senhora. Esta família e a avó de Hitler mantiveram correspondência durante anos.

Então ficamos com o depoimento de uma pessoa que viveu em tempo mais próximo e em contexto geográfico próprio, Hans Franken, em contraposição ao de um historiador inglês, mais recente, e que não vivia na Alemanha da época. Mesmo sendo historiador e conceituado, o inglês Kershaw se ateve à pesquisa de nomes de famílias em Graz ou Gratz. E segundo os conceitos da historiografia, o registro mais próximo ao período estudado é o mais válido. Portanto, ficamos com o registro de Hans Frank. Acrescente-se o fato de ter confirmado isto horas antes de sua morte. Dizem que tê-lo-ia feito para, de certa forma, culpar os judeus pelo seu próprio extermínio, hipótese, no mínimo, doentia.

Em História precisamos tomar cuidado com o historicismo de escritório, onde a opinião de um especialista pode estar muito distante da realidade. Título universitário nem sempre é carimbo de fidelidade.

Link

A origem de Hitler encerra esta parte de nosso estudo.













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(1) - Hitler, Joachim Fest. (Cap I)